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Terça-feira, 17.01.06

" AMAZONIA"

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Durante um debate numa universidade nos Estados Unidos, o actual Ministro da Educação Brasileiro, Cristovam Buarque, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia (ideia que surge com alguma insistência nalguns sectores da sociedade americana e que muito incomoda os brasileiros). Um jovem americano fez a pergunta, sublinhando que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro.

Esta foi a resposta do Sr. Cristovam Buarque:

"De facto, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso".

"Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.

 Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro... O petróleo é tão importante para o bem estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser Internacionalizado.

Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil . Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida.

Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.

Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.

Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa! "

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Eu estou de pleno acordo!

E vocês?

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por longboard às 09:18

Terça-feira, 17.01.06

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por longboard às 09:02

Terça-feira, 17.01.06

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por longboard às 09:00

Terça-feira, 17.01.06

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por longboard às 08:59

Terça-feira, 17.01.06

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por longboard às 08:53

Quinta-feira, 05.01.06

"DIVINA OBSESSÃO"

"Vocês são todos um bando de malditos obcecados", gritou, e fechou-lhe a porta na cara. A única coisa que ainda tentou dizer foi "malditos..!!??", mas era inútil, já não teve tempo, e de qualquer das formas era a única coisa que podia dizer, quanto ao resto era tudo verdade. Que ele não tinha aparecido, que ela o esperara toda a tarde, mais de três horas naquela esquina barulhenta e mal frequentada, (...), que estava consumida de tão preocupada, e ele, afinal, nas ondas, a marimbar-se para tudo, "querida, era um swell inesperado", que tentasse compreender, já não tivera tempo para a avisar, na realidade nem sequer se lembrara...

E sobretudo era mesmo verdade aquela dos obcecados. Era, como todos os outros, um maldito obcecado. Não pelo frio, isso não era nada. Nem tampoco pelo dinheiro que estourava em gasolina. Aqueles que faziam 200 Kms de auto-estrada no unico dia da semana em que não se trabalha, para se enfiarem num restaurante da Bairrada e empanturrar-se de leitão e de espumante, esses é que sim, queimavam uma fortuna em combustível e portagens. Nem pelo nervosinho. quando sabia que havia ondas e não conseguia libertar-se de um compromisso ou lhe faltava tempo. Piores do que ele, aram os tolinhos da bola que nem iam trabalhar quando trasmitiam uma quarta-feira europeia, ou que condicionavam uma má disposição ao resultado da partida do clube de eleição.

Não era obcecado sequer pelas prioridades que punha na vida. Aceitava perfeitamente que não podia ser só surf e o resto era comer ar e dormir debaixo da ponte.Havia que pensar no futuro, encontrar uma carreira profissional que o realizasse, ou melhor ainda, que lhe deixasse tempo para fazer surf todos os dias. Sabia bem, no entanto, em que é que era obcecado. Ele e todos os outros. Todos, ele e os outros, só pensavam em ondas. Quando lia nas etiquetas do chá que era produzido em Ceilão, pensava logo nas ondas do Sri Lanka, não lhe vinha à cabeça o chá, mas sim que lá a água era quente e que embora as ondas não fossem excepcionais, eram bem simpáticas e que não se importaria nada de um dia lá ir. Quando mostravam os furacões na Flórida e calculavam os prejuízos e entrevistavam a dona de casa que ficara sem casa, ele queria lá saber dos prejuízos e da tragédia, queria era ver o mar e as ondas que alguns dias depois estariam a chegar, já arrumadinhas, a Rhode Island. Já quando anunciaram o fim da discriminação racial na África do Sul, o que o preocupou foi saber se o crowd iria aumentar em Cave Rock. E, claro, era de acrodo que Timor era um problema dos portugueses, mas numa perspectiva muito diferente daquela oficial. O verdadeiro problema de Timor era que a Indonésia não carimbava um visto de entrada no passaporte dos portugueses...

Sim, a miúda batera-lhe com a porta na cara, a água salgada caía-lhe pelo nariz abaixo, ainda sentia os pés gelados e era um "maldito obcecado". Mas o sangue corria-lhe com força no corpo, amanhã ainda ia ser melhor porque o mar estava a subir e estava com uma fome tal que só de antecipar a sopa quente já lhe vinha a vontade de cantar e cumprimentar as pessoas que passavam por ele e regressavam a casa do emprego.

Afinal não era preferível ser um maldito obcecado que um sonâmbulo indiferente? Aliás, pensando bem, graças a Deus era um obcecado e a vida - o que é a vida? A vida não é nada sem uma maldita obsessão, principalmente quando a obsessão tem um fundo de laje e lhe dá o vento por terra e não pára de rodar e é tão perfeita e divina, que faz chorar por mais...

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É este o livro que estou a acabar de ler.

O recente "No princípio estava o Mar" - "Surf viagens e outras inquietudes" do Gonçalo Cadilhe.

Estas são as "melhores" crónicas publicadas na Surf Portugal pelo autor ao longo de largos anos.

Recomendo a todos os surfistas e aos que não o são, principalmente aos que não compreendem tal obsessão...

Gonçalo, desculpa o plágio....

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por longboard às 14:01


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